se você espera que, aos 45 do segundo tempo, o digital vai salvar a sua pele, não leia este decálogo. ou melhor: leia sim.
na porta do Digital deveria haver um aviso como no Inferno de Dante, Lasciate ogne speranza, voi ch'entrate: "abandone toda a esperança antes de entrar"
esperança, meu caro, sai mais caro, sai duas vezes mais caro: assim como no mercado de dietas, aumento peniano e queda de cabelo, o mercado digital está cheio de pessoas fascinantes vendendo bem caro soluções que vão, no futuro, te custar mais caro ainda.
manipular a esperança alheia é uma profissão mais antiga e lucrativa do que a tal da profissão mais antiga do mundo, onde pelo menos vale o WYSIWYG, what you see is what you get.
e por que queremos ser salvos pelo digital? simples: queremos fugir da lição de casa.
pense em dietas: não seria bárbaro se inventassem uma pílula que nos deixasse lindos do dia pra noite? muito melhor que mudar a dieta, mudar os hábitos, fazer ginástica, cuidar de si? pois bem: o que salva você e empresas e instituições não é uma pílula dourada (ou azul), é encarar de frente aquilo que você sentou em cima, é colocar na mesa aquilo que enfiaram debaixo do tapete, é dar um basta aos vícios cretinos e começar a fazer direito.
pense numa empresa que você admira. deixe eu adivinhar? apple? pois bem: a apple é a apple porque faz a lição de casa super bem-feito. a apple é a apple porque tem profissionais excelentes num processo rigoroso onde não tem ponta solta, seja no desenho do produto, seja na comunicação, seja nos keynotes impecáveis do falecido Jobs.
a apple twitta? a apple faz crowdsourcing? a apple fica correndo atrás de qualquer modinha "salvadora" que aparece? não.
por que não ser como a apple? funciona. a menos que você prefira, claro, torrar tuas economias (e o teu futuro) com as bugigangas milagrosas que os novos pajés alardeiam por aí.