Lembre-se do leite

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Eu esqueço. Esqueço mesmo. Assumo que esqueço.

Esqueço o dia de pagar contas, esqueço que tenho que mandar meu artigo aqui pra revista, esqueço de comprar o que a faxineira pede… Minha semana é um festival de esquecimentos.

É por isso que nunca me dei bem com agendinhas: ou eu me esqueço de anotar, ou me esqueço de conferir todo dia. Agenda boa, pra mim, tinha que ser uma que me cutucasse e dissesse: René, hoje é o dia do cartão. Ou então apitar na hora H. É por isso que ando com um PDA pra cima e pra baixo quase o tempo todo: ele apita.

O meu PDA, porém, está perdendo ibope pro meu celular novo. Não que meu celular seja um smartphone caríssimo, um iPhone ou seja o que for. É um celular singelo, despretensioso, mas… que navega na internet. Instalei o Opera Mini no bichinho e pronto, o telefone ganhou super-poderes. E eu também.

O primeiro super-poder que eu ganhei foi… andar. Andar, zanzar, dirigir, passear… qualquer coisa que tire meu traseiro da cadeira. Se eu quiser acompanhar meus emails não preciso mais ficar sentado o dia todo: webmails como Yahoo! e Google têm versões mobile bem bacanas.

Outro super-poder sensacional é o sentido aranha: eu recebo agora notícias e alertas e alarmes e compromissos direto por SMS. Se você adotar os calendários do Yahoo! ou do Google eles te avisam por SMS também.

Minha última descoberta (ok, bem tardia, admito) foi o Remember The Milk (www.rememberthemilk.com), que serve para uma coisa só: tarefas. Pronto, agora é que não esqueço mais nada 🙂

Entrem lá no Remember the Milk, cadastrem-se e explorem um pouco. Adicionar tarefas e gerenciar to-do’s é uma delícia. E o mais legal é que ele se integra ao calendário do Google (que, por sua vez, pode ser integrado ao Outlook). E, maravilha das maravilhas, você consegue receber alertas por SMS.

Por que estou contando essa história toda? Qual a graça de saber como eu me organizo?

A primeira graça é: é de graça (ou quase). A segunda graça é que, mesmo com um telefone prosaico, você consegue armar um esquema bacaninha baseado em web e SMS. A terceira graça é: eu posso me desgrudar do PC, da cadeira, das quatro paredes e viver a minha First Life feliz e contente.

Digam o que quiserem da Second Life e ambientes imersivos e experiências 3-D, mas eu ando muito mais fascinado por tudo o que me dá liberdade… real.

Eu não quero ser um avatar lindo nem experimentar fantasias virtuais: eu quero meu corpo e alma e coração e sentidos felizes, não apenas meu cérebro. Um bom café na Livraria Cultura nova aqui em São Paulo (vocês foram? imperdível) é um prazer muito mais memorável, muito mais fecundo, muito mais humano do que… navegar por lojas online, por melhores e mais convenientes que sejam. E, com o celular à mão, posso contar pra todo mundo como estou feliz e contente usando Twitter (twitter.com), que me permite blogar e avisar amigos usando… SMS.

(Um detalhe: uma boa loja online como a www.livrariacultura.com.br me reconhece até mesmo quando estou na loja física. Meu histórico de compra, meus descontos, meu cadastro… tudo é integrado. Não importa onde, eu sou eu, não?)

Tem outra graça nessa história toda: ela me faz enxergar que design mesmo não é desenhar páginas nem animações nem aparelhos, é desenhar experiências humanas. Gente não é aquela coisa que mexe o mouse, gente tem pernas, braços, olhos, boca e uma fome danada, fome de respeito, fome de alegria, fome de experiências ricas e fome de liberdade.

Comece agora mesmo a pesquiser sobre user experience. Lembre-se sempre de pensar em como tornar as pessoas mais autônomas e mais plenas. Lembre-se: gente é “mobile”, a vida é opensource, felicidade é freeware.

E lembre-se do leite, claro.

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