O Futuro a Quem Pertence?

Share
(artigo publicado na revista webdesign)

Eu trabalho num cargo que não existia. Minha carreira eu inventei. E reinventei. E reinventei. Tudo isso para não perder o passo e acompanhar tropegamente as invenções de milhões, bilhões de pessoas reinventando o que inventamos.
Sabe o que eu vou estar fazendo daqui a 5 anos? Então… nem eu.
Outro dia esteve aqui na empresa o Ozires Silva, fundador da Embraer. Fez uma apresentação bárbara sobre empreendorismo, coragem, persistência. Ele citou uma frase que achei genial:
“O futuro não é para ser previsto. É para ser inventado”.
Adorei. Ele, que tinha tudo para bancar o guru, teve a humildade de dizer que o futuro está à espera da nossa coragem. Ele não espera por gurus, nem eu. Você espera?
Essa revista tem um nome: Webdesign. Desenhar para a web sempre foi a vanguarda da vanguarda do design. E se a web ficar pequena? E se tivermos que desenhar além disso? Vamos ter que nos reinventar. Vamos ter que inventar outros nomes. Vamos ter que pensar ainda mais longe. Ou mais perto. Ou mais amplo. Ou mais profundo.
Eu publiquei outro dia uns vídeos de palestras do Professional Developers Conference que aconteceu em Las Vegas. Eu não fui… como era pra developers imaginei que não me diria respeito. Quando vi os vídeos fiquei pasmo. O mundo estava de ponta-cabeça. Fiquei tão impressionado que editei os trechos principais, dublei em português e publiquei no meu blog.
Qual o meu espanto? Aliás… se estou dentro de uma empresa de inovação por que fiquei surpreso? Porque nenhum de nós esperava o que nossos colegas mostraram.
Aplicações criadas pra web mas capazes de, com dois cliques, virarem aplicativos locais. Aplicações em que você começa a assistir algo na web e decide continuar vendo no celular e o vídeo continua do mesmo ponto. Aplicações que colocam tua rede social dentro do teu bolso em um gadget que sabe o que seus amigos ouvem. Experiências que começam em sites, continuam em softwares e se integram com hardwares. Sem quebra, sem sobressalto, sem dificuldade.
Quem desenha isso? Como se chama o profissional que desenha isso? Qual o nome da disciplina, do cargo, do diploma? E como deveria se chamar essa revista, para não perder o bonde?
O que você vai ter que aprender a mais? Aliás… quando você vai ter que começar a aprender? Se você fosse comprar um livro agora, de que prateleira você pegaria? Psicologia? Cognição? Marketing? Sociologia?
Eu te digo qual a coisa mais importante pra você aprender. É algo que deviam nos ensinar no pré-primário e reforçar a vida toda. Aprenda a “let go”. Aprenda a arte do desprendimento.
Estou falando sério. Tudo muda. Tecnologias mudam. Usuários mudam. Cenários mudam. Não faz sentido se apegar a uma tecnologia/ideologia/abordagem como se fosse uma tábua de salvação. Faça isso e fique boiando.
Let go. Saia do raso, mergulhe de cabeça, surfe novas ondas, abrace novas correntes. Lembre-se que teu país existe por conta de uma calmaria em alto-mar.
Um grego disse que um homem não se banha duas vezes no mesmo rio. Eu te digo que um interativo não cria duas vezes o mesmo pro mesmo digimundo, porque o digimundo nunca é mais o mesmo… e o interativo também não.
Pensando bem, o interativo teimoso não vai criar duas vezes tampouco. Não vai ter a chance.
E parabéns para todos nós por esses 5 anos de revista por mares nunca dantes navegados.

Leave a Comment