– Tripledoblebêpunto…
– Ahn?
– Tripledoblebêpunto…
Ok, ok, meu portunhol estava nos primórdios, era o meu primeiro projeto grande na Argentina (houve outro) e eu ainda tinha muito que aprender tanto da língua espanhola quanto das gírias e sotaques portenhos. E o que soava para mim como tripledoblebê era simplesmente…. www. Chê.. que raro!
Quem diria, então, que eu teria a cara de pau de dizer “simplesmente www”? Como assim “simplesmente”? WWW é descomunal. WWW é o pão nosso de cada dia nos dai hoje, amém. Mas… e amanhã? Como você imagina a web (não a internet, a web mesmo, páginas, browser, etc) daqui a 5 anos?
Well, eu tenho a cara de pau de dizer: quero ver a web pelas costas. Urruu, eu disse. Ufa, que delicia. Vou falar de novo: não quero ver a web pela frente.
Calma, calma, não surtei. Continuo apaixonado e fascinado pela web. A questão é: internet é mais que web. Internet é o ar que a web e o email e o FTP e o RSS e outros bichos respiram. E ar é invisível, mais invisível ainda quando falta. Afinal… você desmaia e não vê mais nada : )
Sem internet todo mundo desmaia, é impensável viver sem. E sem web, quanto tempo você fica? Eu te digo: mais tempo do que você imagina.
Anteontem vim trabalhar e esqueci meu laptop em casa. Pensei: volto pra buscar ou vou me virando com meu smartphone? Arrisquei… e me virei bem: toureei meus emails, minha agenda, meu instant messenger e até mesmo meu twitter (www.twitter.com/renedepaula) sem precisar de browser algum. (Parêntese: vocês já testaram o Buscapé por SMS? Funciona super bem, pesquisem). Fiquei até a hora do almoço assim, circulando de lá pra cá resolvendo as coisas na palma da mão. Nada de ficar sentado grudado na cadeira com as mãos atadas ao teclado. Se eu quisesse navegar na web o browser mobile estava lá, mas não precisei. Tudo o que eu fiz no celular, aliás, (emails, agenda, etc) foi sincronizado via internet sabendo que, quando eu pegasse meu laptop, tudo iria se atualizar sozinho, automático, invisível.
Em suma: mesmo sem web minha manhã rendeu pacas.
Nesse exato momento estou escrevendo este artigo totalmente offline. Descobri que rende mais, me concentro melhor. Se eu estivesse conectado ia me distrair demais. Quando acabar este texto vou salvá-lo numa pastinha especial que, assim que eu me conectar, vai copiar o arquivo na internet, no meu PC de casa e no meu celular. Tudo isso via internet, tudo isso automático, invisível.
Por que estou me estendendo sobre essa história toda de internet x web? Porque ontem uma estudante veio conversar comigo sobre o futuro da interface homem-computador. Eu confesso que não estava esperando uma pergunta tão aberta assim. Não sou pesquisador nem nada, afinal. Enquanto pensava comigo olhei pro meu celular e falei pra ela: se você ligar agora pro meu ramal ninguém vai atender, e vai dar caixa postal; se você deixar um recado, um software vai digitalizar isso, transformar num anexo e me mandar por email. Esse email eu posso abrir no software do meu laptop, no software do meu celular ou até via web. O meu celular pode me avisar em voz alta que a mensagem chegou e ler o título, aliás. Em qualquer desses casos eu posso abrir o anexo e ouvir a mensagem. Se eu quiser eu posso pedir pro sistema tocar essa mensagem… no teu telefone. (Pedi o telefone da moça, digitei, o software discou, ela atendeu e ouviu o recado no celular dela).
O que temos aí? Um conteúdo X que, uma vez digitalizado, eu posso consultar em diversas interfaces possíveis: software, telefone, web, voz. Onde, quando e como eu quiser. E se eu não quiser eu posso muito bem não interagir : )
Contei mais: o instant messenger corporativo está integrado à minha agenda. Se chega o horário de uma reunião ele muda o status para ocupado. Se eu quiser, o IM vai rejeitar qualquer mensagem que tentar me interromper enquanto estiver ocupado. Mais: como o telefone está integrado ao sistema, se eu tirar o fone do gancho o status do IM vai mudar para… “on the phone”. Tudo integrado, tudo sincronizado real-time via internet, de maneira invisível e automática. Uma experiência multi-canal super completa e redonda.
Ok, ok, eu sei que isso parece ficção científica pra quem está fora do ambiente corporativo ou pra quem tem celulares básicos, mas pra mim o futuro é esse: a experiência do usuário vai sim envolver web, mas vai também envolver uma série de outros devices e interfaces e interações e cenários de uso, devices e aplicações e serviços conversando de maneira invisível pela internet. E para o usuário não-geek, pro usuário que tem mais o que fazer do que ficar sentado o dia todo diante da máquina, essas novas interações hão de ser muito mais úteis, muito mais cotidianas, muito mais práticas do que achar um computador, abrir um browser e digitar uma URL
Dei uma palestra no Campus Party esse ano e o tema foi esse: como a user experience vai cada vez mais incorporar e… extrapolar a web. Mostrei dois casos super instigantes da Blockbuster e BBC onde os caras desenharam aplicações que rolam na web mas também funcionam “local” (offline inclusive) e no celular, tudo sincronizado automaticamente via Live Mesh, integrado com sua rede de amigos e compartilhado entre seu laptop, desktop e mobile. No caso da BBC era possível começar a assistir um vídeo no laptop e continuá-lo a qualquer momento no celular… no mesmo ponto em que você tinha parado. E tudo isso enquanto você interage com os amigos que você escolheu.
Isso é webdesign? Hmmm… sim e não. Isso pra mim é algo maior, isso requer uma visão mais ampla do que é a experiência do usuário, de quais são os cenários de uso, quais os devices, quais as interfaces disponíveis, quais as interações mais eficientes e como costurar isso tudo da maneira mais poderosa, prazerosa e funcional possível. Que nome dar pra quem bola algo assim tão legal e tão cross-tudo?
Eu dou uma dica. Procurem por “experience architect”. Procure pelo livro Experience Economy. Pesquise. Leia. Pense a respeito. Eu estou pensando. Quero descobrir o que eu vou ser quando eu crescer, afinal pra mim o que vem depois do WWW é… X : )
– Ahn?
– Tripledoblebêpunto…
Ok, ok, meu portunhol estava nos primórdios, era o meu primeiro projeto grande na Argentina (houve outro) e eu ainda tinha muito que aprender tanto da língua espanhola quanto das gírias e sotaques portenhos. E o que soava para mim como tripledoblebê era simplesmente…. www. Chê.. que raro!
Quem diria, então, que eu teria a cara de pau de dizer “simplesmente www”? Como assim “simplesmente”? WWW é descomunal. WWW é o pão nosso de cada dia nos dai hoje, amém. Mas… e amanhã? Como você imagina a web (não a internet, a web mesmo, páginas, browser, etc) daqui a 5 anos?
Well, eu tenho a cara de pau de dizer: quero ver a web pelas costas. Urruu, eu disse. Ufa, que delicia. Vou falar de novo: não quero ver a web pela frente.
Calma, calma, não surtei. Continuo apaixonado e fascinado pela web. A questão é: internet é mais que web. Internet é o ar que a web e o email e o FTP e o RSS e outros bichos respiram. E ar é invisível, mais invisível ainda quando falta. Afinal… você desmaia e não vê mais nada : )
Sem internet todo mundo desmaia, é impensável viver sem. E sem web, quanto tempo você fica? Eu te digo: mais tempo do que você imagina.
Anteontem vim trabalhar e esqueci meu laptop em casa. Pensei: volto pra buscar ou vou me virando com meu smartphone? Arrisquei… e me virei bem: toureei meus emails, minha agenda, meu instant messenger e até mesmo meu twitter (www.twitter.com/renedepaula) sem precisar de browser algum. (Parêntese: vocês já testaram o Buscapé por SMS? Funciona super bem, pesquisem). Fiquei até a hora do almoço assim, circulando de lá pra cá resolvendo as coisas na palma da mão. Nada de ficar sentado grudado na cadeira com as mãos atadas ao teclado. Se eu quisesse navegar na web o browser mobile estava lá, mas não precisei. Tudo o que eu fiz no celular, aliás, (emails, agenda, etc) foi sincronizado via internet sabendo que, quando eu pegasse meu laptop, tudo iria se atualizar sozinho, automático, invisível.
Em suma: mesmo sem web minha manhã rendeu pacas.
Nesse exato momento estou escrevendo este artigo totalmente offline. Descobri que rende mais, me concentro melhor. Se eu estivesse conectado ia me distrair demais. Quando acabar este texto vou salvá-lo numa pastinha especial que, assim que eu me conectar, vai copiar o arquivo na internet, no meu PC de casa e no meu celular. Tudo isso via internet, tudo isso automático, invisível.
Por que estou me estendendo sobre essa história toda de internet x web? Porque ontem uma estudante veio conversar comigo sobre o futuro da interface homem-computador. Eu confesso que não estava esperando uma pergunta tão aberta assim. Não sou pesquisador nem nada, afinal. Enquanto pensava comigo olhei pro meu celular e falei pra ela: se você ligar agora pro meu ramal ninguém vai atender, e vai dar caixa postal; se você deixar um recado, um software vai digitalizar isso, transformar num anexo e me mandar por email. Esse email eu posso abrir no software do meu laptop, no software do meu celular ou até via web. O meu celular pode me avisar em voz alta que a mensagem chegou e ler o título, aliás. Em qualquer desses casos eu posso abrir o anexo e ouvir a mensagem. Se eu quiser eu posso pedir pro sistema tocar essa mensagem… no teu telefone. (Pedi o telefone da moça, digitei, o software discou, ela atendeu e ouviu o recado no celular dela).
O que temos aí? Um conteúdo X que, uma vez digitalizado, eu posso consultar em diversas interfaces possíveis: software, telefone, web, voz. Onde, quando e como eu quiser. E se eu não quiser eu posso muito bem não interagir : )
Contei mais: o instant messenger corporativo está integrado à minha agenda. Se chega o horário de uma reunião ele muda o status para ocupado. Se eu quiser, o IM vai rejeitar qualquer mensagem que tentar me interromper enquanto estiver ocupado. Mais: como o telefone está integrado ao sistema, se eu tirar o fone do gancho o status do IM vai mudar para… “on the phone”. Tudo integrado, tudo sincronizado real-time via internet, de maneira invisível e automática. Uma experiência multi-canal super completa e redonda.
Ok, ok, eu sei que isso parece ficção científica pra quem está fora do ambiente corporativo ou pra quem tem celulares básicos, mas pra mim o futuro é esse: a experiência do usuário vai sim envolver web, mas vai também envolver uma série de outros devices e interfaces e interações e cenários de uso, devices e aplicações e serviços conversando de maneira invisível pela internet. E para o usuário não-geek, pro usuário que tem mais o que fazer do que ficar sentado o dia todo diante da máquina, essas novas interações hão de ser muito mais úteis, muito mais cotidianas, muito mais práticas do que achar um computador, abrir um browser e digitar uma URL
Dei uma palestra no Campus Party esse ano e o tema foi esse: como a user experience vai cada vez mais incorporar e… extrapolar a web. Mostrei dois casos super instigantes da Blockbuster e BBC onde os caras desenharam aplicações que rolam na web mas também funcionam “local” (offline inclusive) e no celular, tudo sincronizado automaticamente via Live Mesh, integrado com sua rede de amigos e compartilhado entre seu laptop, desktop e mobile. No caso da BBC era possível começar a assistir um vídeo no laptop e continuá-lo a qualquer momento no celular… no mesmo ponto em que você tinha parado. E tudo isso enquanto você interage com os amigos que você escolheu.
Isso é webdesign? Hmmm… sim e não. Isso pra mim é algo maior, isso requer uma visão mais ampla do que é a experiência do usuário, de quais são os cenários de uso, quais os devices, quais as interfaces disponíveis, quais as interações mais eficientes e como costurar isso tudo da maneira mais poderosa, prazerosa e funcional possível. Que nome dar pra quem bola algo assim tão legal e tão cross-tudo?
Eu dou uma dica. Procurem por “experience architect”. Procure pelo livro Experience Economy. Pesquise. Leia. Pense a respeito. Eu estou pensando. Quero descobrir o que eu vou ser quando eu crescer, afinal pra mim o que vem depois do WWW é… X : )