Não tem acordo agora: ou você conversa… ou fim de papo. Ponto.
Ok, eu não costumo ser tão incisivo, eu sei. Mas o assunto é sério: ou você tem assunto, ou já era.
Para começar a conversa, então: qual foi a última vez que você leu algo que não tinha a ver com a tua especialidade? Se você for desenvolvedor, por exemplo, qual foi o último livro/artigo/blog de design que você leu? Se você for designer, quais sites de e-business você acompanha? E quem aí sabe me dizer o que é CRM?
Well, a sorte e que isso aqui e um artigo impresso e eu não preciso ver a cara de paisagem de ninguém, e todo mundo pode gaguejar sem medo de pagar mico. Outra vantagem de você estar me lendo ao invés de estarmos conversando é que você tem tempo de sair correndo e começar a fazer a lição de casa atrasada 🙂
Muita gente há de dizer: eu não tenho tempo pra isso! E é aí que mora o problema: é muita gente. O mercado tem muita gente parecida, muita gente com formação similar e, o que é pior, muita gente mais barata que você. Isso se chama comoditização do mercado: profissionais de web se tornaram commodity (corra pra Wikipédia, ainda dá tempo).
Se tem tanta gente como você aí fora (e com a história de trabalho remoto “fora” quer dizer o planeta inteiro), por que um cliente ou empresa vai escolher você? Minha dica: invista no seu papo.
Outro dia reencontrei um velho colega de ofício, não o via fazia uns cinco ou seis anos. Ele estava bem diferente, e pra melhor: tinha abandonado o look “não-olhe-pra-mim-sou-um-técnico” por um visual mais moderno, estiloso. Conversa vai, conversa vem ele me contou de uns projetos em andamento, de umas idéias, e fiquei fascinado: grandes sacadas de CRM (corra pra Wikipédia!), consumer engagement (voa!), brand experience (Google já!)…
Eu o cumprimentei pela sofisticação e abrangência das idéias, e ele me disse: não tem jeito, ou você fala a língua do cliente e vive antenado com todas as tendências, ou você caí na vala comum dos fornecedores arroz-com-feijão.
Quod eram demonstratum… (dictionary.com já!)
Tem outra boníssima razão para você expandir teus horizontes: foi-se o tempo em que empresas podiam bancar full-time um planejador, um arquiteto de informação, um gerente de projetos, um designer, um redator, um programador front-end e um desenvolvedor back-end. Foi-se o tempo.
Em qualquer lugar (e isso vale para o não-digimundo também) a palavra de ordem é enxugar, enxugar, e de tanto enxugar os que sobram têm que suar em dobro a camisa, absorvendo funções que não eram suas. Nesse cenário difícil, polivalência e versatilidade fazem toda a diferença.
Se você acha, porém, que ninguém vai trocar você por um outro mais barato, tenho uma noticia boa e uma ruim. A boa primeiro: não vão contratar seu concorrente mais baratinho. A ruim: não vão contratar você tampouco, e a vaga vai ficar em aberto por séculos esperando alguém a altura.
Digo isso por experiência própria: inúmeras vezes abri oportunidades de trabalho bacanas, mas tive muita dificuldade em encontrar gente acima da média. Quando por fim encontrei candidatos bem preparados, fiz questão de elogiá-los pelo esforço e garra e pelo investimento na sua competência.
E aí eu me pergunto: qual a dificuldade em dar um passo além da média? Se fosse há vinte anos daria pra dizer: nem todos têm acesso a livros, revistas, bibliotecas. Hoje não dá mais não: todo mundo passa o dia todo diante de uma janelinha miraculosa que vai do MIT ao Louvre passando pela revista Wired em… Um clique.
Falta de tempo? C’mon… Quanto tempo e gasto a cada semana nos orkuts da vida, ou jogando Playstation? Quantas madrugadas são passadas teclando no Messenger? Nem dá mais pra por a culpa na TV e nos couch potatoes preguicentos: hoje desperdiçamos tempo de maneira sistemática e bastante ativa, tempo que poderia ser aproveitado de uma maneira mais… proveitosa.
Se pra você tempo ainda não parece uma mercadoria escassa, pense em dinheiro: a grana que sobra depois de pagar as contas… O que você faz com ela? Torra sistematicamente na lanchonete da esquina? Duvido. Espero que não, aliás. Dez reais por dia são R$ 3650,00 em um ano, o que dá pra comprar um belo laptop. Ou 365 milk-shakes, se você preferir.
Pense agora na tua semana: não daria pra dedicar meia hora de manha à leitura de coisas novas? Ou aproveitar o trânsito para ouvir podcasts? Ou participar de listas de discussão diferentes? Eu acho que dá. Algum concorrente teu certamente concorda comigo ?
Você já deu um bom passo, alias: está lendo esta revista 🙂
Como diria nosso ministro Gil, se oriente, rapaz, pela constatação de que a aranha vive do que tece (corra pro Google, a canção se chama “Oriente”).
E estamos conversados.