um pé atrás. Por exemplo: ser um profissional “sênior” indica uma
trajetória profissional longa e rica ou quer dizer que… por decurso
de prazo você já virou um “ex-jovem”?
E ser um “peso-pesado”? Significa que você precisa retomar a dieta
a-go-ra ou que a sua atuação é poderosa e faz diferença no jogo de
forças?
Pelo sim, pelo não, essa semana eu me inscrevo numa academia. 🙂
Se você não for tão sênior assim talvez nunca tenha ouvido falar de um
peso-pesado magnífico, o Cassius Clay. Já? Não? Mohammed Ali, então?
Também não? Céus… quem mandou eu ter 40 anos, enfim?
Vamos lá: Mohammed Ali e Cassius Clay são o mesmo pugilista, e o nome árabe foi adotado quando ele se converteu ao islamismo como o Cat Stevens (o que, na pré-história da minha juventude, era um gesto anti-guerra e pacifista, pasmem).
Eu ia sugerir que você pesquisasse a respeito por conta própria, mas me esqueci que a tua referência de peso-pesado deve ser algo furioso e bestial como Mike Tyson, cuja colaboração artística para a humanidade foi arrancar com os dentes uma orelha alheia, e isso não deve te animar muito.
Esqueça o Tyson. Cassius Clay era elegantíssimo no ringue, um dançarino. Mais: fora dos ringues era um ativista político, um negro consciente, um ídolo pop e, pasme, um belo frasista. É dele a frase que me inspirou esse artigo: “fly like a butterfly, but sting like a bee”, voe como uma borboleta, mas ferroe como uma abelha. Lindo, não? Exceto, claro, para quem, confuso de ver aquele gigante dançando em torno de si, recebia o murro certeiro e beijava a lona.
E o que tem a ver o conselho de um boxeur com nosso ofício de zeros e uns? Simples: muitos dos grandes tapas-na-cara digitais hoje, muitas das porradas nocauteadoras no digimundo são… simples.
Não? Pense nas páginas de busca. Pense nos messengers. Pense nos blogs. Voam como borboletas, não? Você os acessa de todo lugar, em qualquer máquina, em palms, em celulares… Não importa onde, eles pousam com graça e leveza sempre. A hora que você os aciona, porém, são rápidos e certeiros. Como uma abelha. Viram só? Ou vocês pensavam que abelhinhas e flores só servem pra (não) falar de sexo?
Agora pense naqueles sites super instigante-original-multimídia que você viu uma vez só, achou lin-do, mas nunca mais usou porque ele não te agregava em nada. Well, de cara me lembro de uns 3.
Eu creio, porém, que o Cassius Clay não tenha jamais sido picado por uma abelha. Você já foi? OK, dói, mas como se não bastasse a picada, a abelha continua se batendo contra você insanamente, batendo, batendo, até morrer. Muito estranho (e contra as regras do pugilismo, imagino). Sabe por que ela faz isso? Antes de morrer, ela vai te marcando com um odor que avisa às outras abelhas que você é um inimigo. As outras abelhas sentem o cheiro que ela deixou em você e te picam também. Aí que mora o perigo: uma picada leva à muuuuuitas outras.
Tem outra grande lição aí: abelhas não só ferroam forte, mas também colaboram entre si, trocam informações, e assim derrotam qualquer inimigo. E as coisas mais bacanas que temos hoje no digimundo funcionam da mesma maneira: as “borboletas” digitais não só voam com elegância mas também se comunicam entre si. Teu messenger te avisa do email que chegou e das últimas notícias, teu webmail te avisa por SMS de uma mensagem urgente, você escolhe quais fontes de notícia tua home vai “escutar” por RSS, você compartilha teus favoritos usando metatags, você compra produtos baseado nos reviews de outros consumidores…
É assim que os pesos-pesados do digimundo estão lutando hoje, num estilo que mistura leveza, rapidez e integração. Preste atenção, compare os campeões, estude seus movimentos. E torça fervorosamente, como eu, pelos milhões de usuários que estão ganhando asas.
Posted by renedepaula at 9:47 PM